Brasil no Mercado Asiático: entenda como a viagem presidencial abre novas oportunidades para exportadores brasileiros

A mais recente missão presidencial ao Sudeste Asiático marcou um avanço estratégico do Brasil na arena internacional. Com a participação inédita na Cúpula da ASEAN e visitas oficiais à Indonésia e à Malásia, o país fortaleceu sua presença em uma das regiões mais dinâmicas do mundo, abrindo espaço para novas parcerias econômicas e comerciais. Em meio a um ambiente global de incertezas e oportunidades, o Brasil demonstra capacidade de expansão e diversificação de mercados, criando condições para que empresas nacionais capitalizem as oportunidades e levem seus produtos para o mundo.

Imagem 1: Visita presidencial à Malásia

Fonte: Agência Brasil

Neste ponto, a aproximação brasileira junto aos países do sudeste asitico, representa uma janela de oportunidade única, visto que, entre 2019 e 2024, as vendas brasileiras para a ASEAN tiveram um crescimento médio anual de 17,3%, porcentagem superior ao crescimento médio anual do valor total exportado pelo Brasil (8,8%) no mesmo período, de acordo com a apuração da ApexBrasil. Frente a esse cenário, em meio a um ano de incertezas e oportunidades no ambiente internacional, o país avança em direção à expansão e diversificação de mercados, consolidando parcerias que prometem abrir caminhos com o intuito de levar os produtos nacionais  para novos mercados. 

A seguir, serão apresentados o impacto do aprofundamento das relações comerciais entre Brasil e a ASEAN, bem como as novas oportunidades que podem impulsionar e diversificar a atuação dos exportadores brasileiros após os últimos acontecimentos. Quer saber como sua empresa pode aproveitar essas oportunidades? Entre em contato com um dos nossos analistas de vendas! 

Para além da Cúpula: o comércio entre Brasil e ASEAN

Imagem 2:  Primeira participação de um presidente brasileiro na Cúpula da ASEAN.

Fonte: Brasil 247.

Em breve retrospecto, a ASEAN reúne dez países — e está em processo de ampliação para incluir o Timor-Leste —, totalizando mais de 693,7 milhões de habitantes e um PIB conjunto estimado em cerca de 4 trilhões de dólares, conforme apuração da ApexBrasil. Criada em 1967, o bloco tem o objetivo de assegurar o desenvolvimento socioeconômico e a estabilidade política da região. Além da integração econômica, a ASEAN estabeleceu uma zona de livre comércio em 1992, implementada gradativamente até 2008.

Nessa ótica, a viagem brasileira buscou estreitar laços com esses mercados e firmar compromissos de cooperação em áreas como infraestrutura, energia limpa, alimentos, tecnologia e sustentabilidade. Sob essa perspectiva, ao participar pela primeira vez da Cúpula da ASEAN, o Brasil deixou claro seu propósito de não ser apenas um fornecedor de commodities, mas um parceiro estratégico e confiável para a região. O foco dado pelo governo não é por acaso, ao passo que os números reforçam a relevância dessa aproximação. Conforme apuração da ApexBrasil, o fluxo comercial entre o Brasil  e os países da ASEAN superou US$37,2  bilhões em 2024, com exportações brasileiras que somaram US$26,4 bilhões e um superávit de US$15,5 bilhões. Em síntese, isso coloca a ASEAN, simbolicamente, como o terceiro principal destino das exportações brasileiras. Entre os produtos mais exportados pode-se citar combustíveis minerais, grãos, açúcar, carnes, minérios, café, farelo de soja e bioenergia — todos com alta demanda na região.

A tendência é de crescimento, visto que o comércio com o Sudeste Asiático vem se expandindo de forma consistente, de  modo que o fluxo comercial cresceu 94% ao comparar os dados de 2014 e 2024, saindo de U$19,1 bilhões em 2014 para U$37,2 bilhões em 2024. Em adição, os laços diplomáticos entre os países estão se estreitando, a exemplo da viagem presidencial ao Vietnã (a qual foi melhor abordada melhor neste link) e o acordo entre Mercosul e Singapura (saiba mais neste link!). 

Sob essa perspectiva, o Brasil demonstra capacidade de capitalizar sobre as oportunidades abertas por esse reposicionamento global. A presença no mercado asiático é também estratégica do ponto de vista geopolítico, diversificando os parceiros comerciais do país e reduzindo sua dependência de mercados tradicionais, como América do Norte e Europa.

Novas Oportunidades no Mercado Asiático

Imagem 3: Bandeiras dos países que compõem a ASEAN.

Fonte: Tv Brics.

Para os empresários brasileiros, as possibilidades são amplas. O aumento da renda média e a urbanização acelerada em países como Indonésia, Malásia, Vietnã e Tailândia ampliam o consumo por alimentos, produtos agrícolas e manufaturados. Apesar da diversidade socioeconômica entre os países, a participação do Brasil nas importações da ASEAN (1,9%) está abaixo de seu potencial.

Nesse cenário, de acordo com estudos da Apex Brasil, foram calculadas 1.871 oportunidades para mercadorias brasileiras, com especial destaque para os seguintes grupos de produtos: combustíveis minerais, produtos alimentícios, animais vivos, máquinas e equipamentos de transporte. Em paralelo, em consonância com relatórios do MAPA, novos mercados foram abertos em 6 países do bloco nos últimos anos, com destaque para produtos como carne bovina e suína, erva-mate, farinhas, entre outros.

Por conseguinte, há espaço para uma inserção competitiva do Brasil, especialmente para quem souber adaptar sua estratégia e seu portfólio às especificidades culturais e regulatórias da região. Para isso, é fundamental adotar um plano estratégico para adentrar o mercado internacional, com etapas bem definidas e foco em resultados sustentáveis. Entre as principais recomendações para os exportadores estão: 

• Mapear mercados-alvo: dentro da ASEAN, identificar países com maior afinidade para seu produto, como Indonésia, Malásia, Vietnã e Tailândia. Entender qual mercado absorve ou demanda o que você oferece;

• Entender requisitos técnicos e regulatórios: analisar exigências agrícolas, fitossanitárias ou industriais específicas desses países. 

• Adaptar portfólio e mensagem ao mercado asiático: rever embalagem, volumes, formato de apresentação, idioma e comunicação para se adequar à cultura local. Isso ajuda a levar seus produtos para o mundo com mais eficácia.

• Estabelecer canais de acesso ou parcerias locais: buscar distribuidores, agentes ou alianças locais que facilitem a entrada no mercado, reduzam barreiras e aumentem a escala.

• Monitorar logística, custos e competitividade: frente à distância e desafios de supply chain, otimizar custos, reduzir tempo de entrega e garantir confiabilidade se tornam diferenciais.

• Desenvolver visão de longo prazo com metas claras: mais do que exportar uma vez, trata-se de construir uma presença sustentável no mercado asiático.

Como explorar as novas oportunidades?

Imagem X: Kuala Lampur, capital da Malásia

Fonte: Foto por Zukerman Mohaman, Pexels.

Em meio a diversificação de parcerias e novas alianças por parte do Estado brasileiro, é importante estar atualizado em relação às novas oportunidades e mercados que se abrem para as mercadorias brasileiras. Para além de estar antenado às informações de comércio exterior, é importante também preparar-se para as novas aberturas e construir um plano estratégico para sair na frente em futuras negociações.

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Referências:

AGÊNCIA BRASIL. Problema do mundo é ausência de lideranças, diz Lula na Malásia. Brasília: EBC, 2025. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2025-10/problema-do-mundo-e-ausencia-de-liderancas-diz-lula-na-malasia. Acesso em: 11 nov. 2025.

AGÊNCIA GOV. Lula exalta resultado de maratona pelo Leste Asiático: mais uma viagem exitosa. Brasília: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, 2025. Disponível em: https://agenciagov.ebc.com.br/noticias/202510/lula-exalta-resultado-de-maratona-pelo-leste-asiatico-mais-uma-viagem-exitosa. Acesso em: 11 nov. 2025.

APEXBRASIL. Perfil de Comércio e Investimentos – ASEAN 2025. Brasília, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, 2025. Disponível em: https://apexbrasil.com.br/content/apexbrasil/br/pt/solucoes/inteligencia/estudos-e-publicacoes/perfil-de-comercio-e-investimentos/perfil-de-comercio-e-investimentos---asean---2025.html. Acesso em: 11 nov. 2025.

BRASIL. Presidência da República. Em viagens à Indonésia e à Malásia, Lula fortalece parcerias estratégicas e amplia presença do Brasil no Sudeste Asiático. Brasília: Planalto, 2025. Disponível em: https://www.gov.br/planalto/pt-br/acompanhe-o-planalto/noticias/2025/10/em-viagens-a-indonesia-e-a-malasia-lula-fortalece-parcerias-estrategicas-e-amplia-presenca-do-brasil-no-sudeste-asiatico. Acesso em: 11 nov. 2025.

SENADO FEDERAL (Brasil). Paim destaca resultados da viagem de Lula à Ásia. Brasília: Agência Senado, 2025. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2025/10/28/paim-destaca-resultados-da-viagem-de-lula-a-asia. Acesso em: 11 nov. 2025.