Nas últimas semanas, o mundo esperou ansiosamente o resultado das eleições presidenciais dos Estados Unidos. No embate, se encontravam os candidatos Kamala Harris, democrata e atual vice-presidente do país, e Donald Trump, republicano, ex-presidente em busca de sua reeleição . A eleição oficial ocorreu no dia 5 de novembro, terça-feira, e na manhã de quarta-feira (6), já havia certeza de que o ganhador seria o ex-presidente Trump. Nesse sentido, com uma política econômica e visão global diferenciada do atual governo, surge a questão sobre como as relações comerciais entre o Brasil e os Estados Unidos ficarão a partir de sua posse, em janeiro de 2025. A seguir, iremos explorar como o retorno de Trump ao poder impactaria diretamente as relações comerciais entre os dois países e o que empresários brasileiros podem esperar.
Primeiro mandato de Trump: Um breve histórico acerca de sua conduta no Comércio Internacional
Ao ser eleito pela primeira vez em 2017, o presidente norte americano Donald Trump adotou medidas favoráveis ao protecionismo econômico acerca do comércio exterior dos Estados Unidos, de modo a impor tarifações e sanções consideráveis à produtos estrangeiros. Diante disso, seu governo trouxe um crescimento no emprego e no PIB do país, já que a economia interna teve prioridade no cenário republicano. No entanto, o governo de Trump enfrentou a pandemia de Covid-19, resultando em inflação e fechamento de postos de trabalho.
Frente a este contexto, ainda que fragilizado, o governo de Donald Trump foi tomado por sanções consideráveis à China, categorizando-as como uma nova medida sociopolítica fortemente utilizada pelo governo norte americano possibilitando ao país exercer pressão financeira e comercial sobre as demais nações. Dessa forma, percebeu-se, durante seu mandato, uma economia global diretamente influenciada, uma vez que a restrição do acesso ao dólar resulta em rupturas das relações entre o países dependentes o mercado norte americano e a comunidade internacional, com impactos significativos na economia doméstica e na estrutura político-social, o que trouxe reflexos diretos, também, para o Brasil.
Novo mandato de Trump: Tendências esperadas
Para concorrer ao segundo mandato, o presidente republicano prometeu em campanha, um aumento mais intenso das tarifas sobre produtos importados, corte de impostos, deportações em massa e redução da independência do FED (o banco central norte-americano). Já no comércio exterior, Trump pretende aumentar as tarifas entre 10% e 20% sobre praticamente todas as importações, incluindo as de países aliados, e em pelo menos 60% sobre as da China.
Para o Brasil os efeitos destas medidas podem ser diretos, principalmente sob setores como o agrícola, o de biocombustíveis e metalúrgicos. De acordo com Welber Barral, ex-secretário do Comércio Exterior, o “Aço, alumínio e cobre brasileiros já estão sendo afetados com as medidas antidumping.” Para além disso, acordos comerciais entre Brasil e EUA poderão sofrer uma fragilização também pela divergência ideológica entre os líderes. Segundo Barral, a divergência ideológica entre os dois poderia deixar Trump mais próximo do ultraliberal argentino Javier Milei do que do Estado brasileiro. Em sua fala o ex-secretário comenta sobre as anteriores relações entre Lula e o governo americano: “Ao mesmo tempo, é muito interessante, do ponto de vista ideológico, que Lula tenha tido lá atrás uma relação melhor com o republicano George W. Bush do que com o democrata Barack Obama.” Por outro lado, diante das sanções aplicadas, o mercado brasileiro pode ser favorecido, uma vez que as tarifas de importação adotadas podem gerar oportunidades de abertura de negócios com outros mercados estrangeiros atingidos pela tarifação norte-americana. Quer entender melhor as oportunidades para o seu negócio? Faça um diagnóstico conosco!
Eleição de Trump e impactos para o comércio exterior
Em vista da política econômica proposta por Trump para seu segundo mandato, há uma série de opiniões conflitantes acerca de seu impacto para o comércio exterior e para as relações comerciais bilaterais entre o Brasil e os Estados Unidos. Nesse sentido, enquanto é previsto que haja medidas protecionistas aplicadas às importações estadunidenses, os diferentes efeitos e reverberações não são entendidos como dados. Todavia, é possível extrair algumas informações a partir do que foi analisado até agora. Segundo o jornal Diário do Comércio, há um receio nas áreas de siderurgia e automotivo em relação à implantação das medidas pelo presidente eleito. Isso porque caso a China, grande exportadora de aço e veículos, se veja com elevadas barreiras tarifárias ao exportar para os Estados Unidos, ela vai procurar outros mercados que possam receber o excedente da produção, incluindo o Brasil.
Por outro lado, a conjuntura dos Estados Unidos na busca de parceiros comerciais para contrapor a China pode incentivar o Brasil a expandir sua pauta exportadora para produtos da agroindústria, e talvez produtos voltados para infraestrutura e do setor de segurança militar. Nesse sentido, é possível explorar oportunidades deixadas por lacunas dos produtos do mercado chinês no mercado estadunidense. De acordo com especialistas, no entanto, os produtos têm, no geral, baixo valor agregado, mas podem ser exportados em larga escala. Mesmo com maiores tarifas e medidas protecionistas, produtos de exportação tradicional, como petróleo, ferro e aço e café, para os Estados Unidos também podem ver um crescimento, numa perspectiva otimista, com o aquecimento do mercado interno do país, como é objetivo de Trump. Explore as oportunidades do mercado estadunidense. Converse com um de nossos consultores!
Outra perspectiva remonta que as exportações do Brasil para os Estados Unidos, no geral, não devem diminuir de primeira mão, mas a demanda pode cair no longo prazo a depender das medidas implementadas. Com isso, o Brasil pode explorar suas relações comerciais com outros países, diversificando seu campo exportador e suas parcerias. Ainda, o dólar deve se fortalecer durante o mandato de Donald Trump. Isso se dá a partir de uma provável elevação do nível de inflação nos EUA e uma resultante política monetária mais restritiva, com aumento das taxas de juros, valorizando a moeda no médio e longo prazo. No curto prazo, a previsão é mais difícil, o que pode gerar um cenário de insegurança fiscal no Brasil.
Por fim, em um episódio da Rádio Câmara, um especialista afirma que o comércio exterior não deve ser muito impactado pelas medidas aplicadas por Trump, por diversos fatores. Entre eles, o fato de que o Brasil não é o alvo preferencial das políticas protecionistas, com uma participação pequena nas importações totais do país e um déficit comercial em relação aos EUA. Além disso, é dito que a pauta exportadora brasileira para os EUA já é diversificada, e os efeitos das políticas acabam sendo diluídos. Segundo o especialista, os maiores impactos ao Brasil a partir do governo Trump se relacionam a fatores além dos econômicos, como a resistência de Trump em dar peso para organismos multilaterais e sua despreocupação com as pautas climáticas, temas relevantes ao governo atual brasileiro.
Quer entender mais como as políticas implementadas nos Estados Unidos afetam diretamente seu negócio? Fale com um de nossos consultores!
Referências
AEB. Como a vitória de Trump deve afetar o Brasil? Entenda.
Disponível em: https://www.aeb.org.br/assuntos-de-interesse/2024/11/como-a-vitoria-de-trump-deve-afetar-o-brasil-entenda/. Acesso em: 25 nov. 2024
DIÁRIO DO COMÉRCIO. Vitória de Trump trará impactos ao comércio exterior do Brasil, mas também criará oportunidades. Disponível em: <https://diariodocomercio.com.br/politica/vitoria-de-trump-trara-impactos-ao-brasil-mas-criara-oportunidades/>. Acesso em: 22 nov. 2024.
OPEU. O crescente recurso a sanções econômicas pelos EUA e seus impactos nas cadeias globais de valor. Disponível em: <https://www.opeu.org.br/2024/02/23/o-crescente-recurso-a-sancoes-economicas-pelos-eua-e-seus-impactos-nas-cadeias-globais-de-valor/>. Acesso em: 25 nov. 2024.
RÁDIO CÂMERA. Especialista analisa efeitos da eleição de Trump para economia brasileira. Disponível em: <https://www.camara.leg.br/radio/programas/1109910-especialista-analisa-efeitos-da-eleicao-de-trump-para-economia-brasileira/>. Acesso em: 22 nov. 2024.
Comments